quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O último fora do ano

Estava na praia para me preparar para mais uma passagem de ano. Como já é hábito, rumo para o litoral no dia seguinte ao natal e fico sozinha até chegar alguém para me fazer companhia. Esses momentos de solidão me fazem bem, pois revejo o ano que passou e planejo o ano que está por vir.

Num dado momento, na solidão do apartamento, decido pegar alguns trocados e andar pela praia. No meio da minha caminhada abordo um vendedor de coco e tomo a água olhando para o mar com o sol se pondo. Termino meu momento de contemplação da natureza e prossigo meu passeio.

Não demorou muito e percebi que estava sendo seguida por um ser que parecia meio perdido. Ladrão? Pernas pra que te quero, meus últimos reais ficaram com o cara do coco.

- Posso te conhecer?, fala o carinha
- Não!
- Mas eu andei quase a praia toda atrás de você...
- Andou à toa!
- Nossa! Você gosta de humilhar os homens?
- Não, apenas sou sincera com eles!

Passos em silêncio, ele insiste:

- Você tem namorado?
- Tenho! (com a convicção da convincente mentirosa)

Outros passos mudos. Vendo que aquela investida não teria futuro ele se despede com um tímido “falou”. Acenei com um adeus de miss, continuei meu momento de balanço anual e deixei meus pensamentos fluírem junto com a brisa da praia, deixando o moço falando com o vento.

Um comentário:

André Henriques disse...

"com a convicção da convincente mentirosa"

Eu imaginei a cena e sua cara de quem mesmo mentindo não titubeia... hehehehe... muito bom!