quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A desculpa do tatu

Sei que quando bebo faço coisas que possam vir a me arrepender depois, mas desta vez isto não aconteceu: bebi demais, fiz besteira, mas não me arrependo.

Faz um tempo que estou com um affaire com um rapaz, que de início parecia um cara bacana, comprometido com as coisas e comigo. Só que não sei o que aconteceu que de repente, ele sumiu.

Já estava acostumada com seus foras, seus bolos e suas desculpas esfarrapadas. Até engoli a vez que nos encontramos certa véspera de feriado e combinamos de viajar no final de semana seguinte para aproveitarmos a praia com mais calma, sem a muvuca da alta temporada.

Na ocasião, ele ficou de me ligar durante a semana para acertamos todos os detalhes da nossa viagenzinha romantiquinha. A semana passou e nada do dito moço ligar. Poxa! Mulher precisa providenciar uma série de coisas, como depilação, biquínis, malas, etc. Não é que nem homem que basta enfiar na mochila carcomida do colegial qualquer cueca rasgada ou bermuda manchada de cândida, que já está pronto para aproveitar o mar.

Ele só me ligou na sexta-feira, dia do passeio combinado, falando que poderíamos nos ver. Na hora percebi que aproveitar o sol litorâneo não aconteceria nos dias seguintes. Pra completar, o cara me deu outro bolo e eu fiquei comendo pipoca e chupando o dedo em casa durante o final de semana.

Desde este dia prometi pra mim que nunca mais procuraria esse ser humano enrolado e que estava me enrolando há tanto tempo.

Mas acontece que quando a gente bebe umas coisinhas alcoólicas a mais a gente acaba esquecendo as promessas que nos fizemos no passado, e eu acabei ligando pra ele de novo.

No alto da minha bebedeira, eu tinha consciência que corria o risco de não ser atendida, mas quando eu menos esperava e quando já quase desistia, o cara atendeu o bendito celular.

- Oi, gata, como você está?
- Eu estou bem! E você? - falando daquele jeito típico bem mole, com pouco controle dos músculos da boca.
- Estou aqui na USP Lost, tive aula até agora – já era tarde da noite.
- Ahn tá...
- Meu, você não sabe... acho que não vou conseguir chegar cedo em casa.
- Porque? Seu carro quebrou?
- Não! Tem um tatu debaixo do meu carro.
- Como é que é? - o baque foi tão grande que parte da sobriedade voltou para o meu corpo, e continuei:
- Você acha que eu vou acreditar nessa história de tatu? Deixa de ser idiota e achar que eu sempre vou acreditar nas suas desculpas! Essa foi demais! – e desliguei o celular, indignada.

Poucas horas depois passei mal. Não sei se foi por causa da cerveja, ou do amendoim, ou da calabresa, mas acho, sinceramente, que o culpado de tudo foi o tatu, o inofensivo animal rastejante, que estava entalado na minha garganta e que tinha que ser colocado pra fora, junto com o canalha que queria salvá-lo. Ambos saíram da minha vida descarga abaixo.

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