quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Impressões cariocas

O quão grandes são as possibilidades de uma cidade... E o Rio de Janeiro é prova dessa multiplicidade de funções.

Já fui ao Rio a trabalho, a passeio, a estudo e esta cidade é sempre uma descoberta pra mim. Dessa vez fui apresentar um dos meus trabalhos de pesquisa em um congresso na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Sempre encaro viagens, por mais que sejam bate-voltas, como uma experiência única e dessa vez não foi diferente.

Chego ao aeroporto e me encaminho ao guichê de uma nova companhia aérea, a Webjet – uma das atendentes sobe na esteira e grita: “Última chamada para o voo X para Curitiba”. Nossa, balcão de companhia aérea virou barraca de feira?, pensei.

Fiz o check-in e aguardei o meu horário. Entro no avião e que decepção: no espaço entre o acento e a poltrona da frente não cabe meu fêmur. Nunca tive uma viagem tão desconfortável, pois nem água a empresa serve, além de cobrar 10 reais por um combo composto de sanduíche, suco e chocolate.

Me recusei a pagar por um serviço mal servido e dormi o sono dos cansados.

Chegando ao Rio, é hora de pegar um táxi:
- Pra UeRj, por favor?
- Ahn?
- Pra uÉRRj!
- Ahn ta.

Pra uma pessoa que estuda letras e que acha fascinante essas coisas de sotaque, essa foi uma das melhores conversas que eu já tive, possível de tese a ser defendida e aprovada com menção honrosa.

Chego à universidade, vejo a apresentação do meu orientador, almoço um almoço digno e dou os retoques finais na minha apresentação. Faço minha comunicação e bons questionamentos são feitos, e que serão levados em conta.

Obrigações cumpridas, é hora de fazer turismo.

No caminho para o Pão de Açúcar, com escala em Copacabana, vejo o quanto São João Batista é grande e como ele se parece com um sonho que tive.

Encontro um amigo de Internet, que agora é amigo real e subimos o bondinho. Nunca tinha visto o Rio de Janeiro noturno. As luzes da cidade e o breu do mar são atenuados pelas nuvens que pairavam pelo cartão postal.

“Bora conhecer a Urca?” Antigo estúdio da TV Tupi, Garota da Urca e um chopp gelado com maestria – coisa que só carioca sabe fazer: gelar cerveja!

De volta ao aeroporto, corro para não perder o voo. Check in, saguão, revista, sala de embarque e avião em menos de cinco minutos!

Ao entrar esbaforida no avião, olho pra comissária:
- Te conheço!
- Eu também.
- Me dá quinze minutos que eu lembro de onde.

Quinze minutos depois...
- Lembrei! – Trabalhou comigo no meu primeiro emprego.

Impressão sobre a companhia aérea de volta: ótima! Na Avianca, suas pernas cabem, te dão um lanchinho quentinho, suquinho e os funcionários olham nos seus olhos ao falar com você.

Saldo da viagem
Vá várias vezes à mesma cidade para conhecê-la de diversas formas.
Esqueça os preconceitos linguísticos.
Conheça novas pessoas.
Materialize seus amigos virtuais.
Enxergue a beleza dos dias nublados.
Reencontre casualmente pessoas que fizeram parte da sua vida (mesmo que indiretamente).
Voe Avianca, mas nunca Webjet.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pelo fim dos estereótipos

Estou beirando os 30 e sofro com estereótipos.

Podem falar o que quiserem, mas pessoas bonitas sofrem, tanto homens como mulheres, com opiniões pré-estabelecidas sobre a existência de massa encefálica operante dentro de um corpinho bacana.

A frase que mais me marcou foi: “Mas você é bonita, como pode estar na USP?”. E eu pergunto: “Desde quando as duas coisas não podem andar juntas?”.

Sempre fui uma pessoa esforçada, que gosta de estudar, curiosa e que teve a sorte de ter pais que combinaram seus genes de forma exitosa.

É lógico que tive minha fase mundrunga e desengonçada (por vezes ainda acredito que esta fase não tenha passado totalmente), mas sempre soube que a beleza amadurece como uma fruta saborosa: vai passando o tempo e ela vai enrugando.

Só sei que conhecimento nunca se esvai, e por isso, sempre me dediquei mais aos estudos do que tentar entrar ora num padrão de beleza esquelético, ora num padrão siliconada bombada, tanto que nem lembro a última vez que usei manequim 36 e nem pretendo colocar silicone nos peitos antes de ter meus filhos.

Sou uma pessoa vaidosa, claro, mas se tem uma coisa que atinge minha vaidade é julgar a possibilidade de beleza e inteligência andarem juntas. Não dá pra mensurar a quantidade pessoas lindas e inteligentes que conheço, pessoas que, como eu, se desdobram para calar as bocas preconceituosas.

Em um momento de tantas manifestações sobre orgulho disso, pró aquilo, proponho uma campanha pelo fim dos estereótipos, com o intuito de acabar com essa hipocrisia que avassala e atrapalha a vida de tantas pessoas.