Já questionei a edição deste ano do BBB e no meio de tantas asneiras publicadas pelos sites direcionados à televisão encontrei alguma crítica interessante sobre este tema, que aborda todas as questões que me fiz durante esta primeira semana de exibição do programa.
"Big Brother" é uma coisa gay - de Sérgio Ripardo, editor de Ilustrada da Folha Online, publicado no dia 12 de janeiro
O gay do "Big Brother" precisa ser eliminado o mais rápido possível. Ele se apresenta como psiquiatra. Mas a Associação Brasileira de Psiquiatria já disse que ele não obteve ainda esse título. Ele paquera uma mulher da casa e culpa a "coitada" por confundir as bolas. O personagem enrustido e dissimulado ainda aproveita para estreitar intimidades com os homens desavisados da casa, em banhos coletivos, troca de sabonete, xampu, todos só de sunguinha, com toques nos corpos, engatando papo machão, como falar sobre a loira e a morena do "Tchan" (argh!).
Assim o programa cria uma piada tensa: qual será a reação dos outros após descobrirem que Marcelo é gay? Homofobia, aceitação verdadeira ou tolerância fingida? Claro: é bem possível que toda essa trama seja combinada antes com o diretor do programa. É só reparar nas atuações artificiais e nos diálogos muito redondinhos. Nunca uma armação foi tão mal encenada no horário nobre da TV.
A "coitadinha" do drama gay é Gyselle, que se mostra encantada com o urso ("Você não é gordinho. Você é fofinho", derrete-se). Mas ela não é boba nem ingênua como aparenta. Já participou do reality show francês "Île de La Tentation". Sua função era azarar homens comprometidos, roubar cobertor de orelha das amigas. Até imagino a ordem: "Dá em cima da biba e do emo que eu te arranjo uma vaga em novela."
A edição da Globo aposta no poder de atrair audiência com o gay enrustido e diferente do velho estereótipo da bichinha pintosa ou da maricona com voz de miado de gato. Para o público feminino, o chamariz é a questão: quantas mulheres não se apaixonaram por um homem que era, na verdade, gay?!
Neste sábado, só dava Marcelo no pay-per-view. Ele tomou banho com o simpatizante Luiz Felipe, que já declarou a intenção de posar nu em ereção para a "G", molhou-se também com Rafael, o Alemão bom moço versão cearense, e continua entediando todos com suas experiências na residência de medicina.
Sem mulheres deslumbrantes para ativar o onanismo eletrônico dos rapazes héteros, resta ao "Big Brother" focar nesses draminhas de sexualidade. Na vida real, admitir ver esse programa significa cada vez mais confessar uma falha de escolaridade, passar recibo de fútil, solitário, imaturo, "low class". Nunca deu status para ninguém acompanhar esse programa. Só queima o filme. Fuja de gente viciada nisso. É só perguntar o que melhorou na sua vida em 2007 com o "BBB 7".
Com um homossexual na posição de protagonista, os homens héteros mais conservadores também ficam na dúvida sobre continuar ou não vendo o programa e rejeitam o clima de "Sodoma e Gomorra". Em comentários postados na web, os machões reclamam que as mulheres "têm cara de prostituta de calçada".
Nos blogs gays, o assunto deve dominar como uma praga devido aos apelos carnais. Alguns participantes tentam usar seu corpo como foco de atenção, como Marcos que só anda com os pêlos pubianos à mostra. Já o joguinho psicológico do "psiquiatra sem registro" corre o risco de criar um vilão gay, alguém que faz qualquer coisa para ganhar R$ 1 milhão e ser o novo Jean Wyllys. Vai acabar ganhando um quadro no humorístico "Zorra Total". Olha a faca!!!
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