Nunca fui fã de cozinhar, ainda mais sendo filha única e sempre que eu fazia alguma comidinha, nem dava gosto de provar, pois não haveria ninguém para degustar junto comigo minha iguaria recém inventada.
Sei fazer coisas básicas, não morro de fome, nem dependo 100% do delivery, mas a idade vai chegando, a água ameaça a bater na bunda e a gente precisa aprender a fazer além do ovo frito.
Porém, continuo sem gostar de cozinhar só pra mim, mas descobri que dividir as bocas do fogão em duas pessoas é bem mais divertido.
Gostoso é fazer uma batata souté que acompanhará um bife com molho de ervas, bacana é inventar um arroz com brócolis servido com um salmão com gorgonzola e como é bom preparar uma simples salada com um molho maluco.
Há uns anos descobri a alegria que é cozinhar, mas a alegria não vem das mãos queimadas com óleo, do cheiro de comida nos cabelos ou da louça pra lavar; esta felicidade procede dos sorrisos e dos olhares de cumplicidade trocados no meio da refeição feita a quatro mãos.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Quando deixei de contar carneirinhos
Deixei de contar carneirinhos desde o fim de semana passado, quando estava dormindo ao lado do meu namorado.
Mesmo com o apartamento só pra nós, no meio da madrugada senti que não estávamos sozinhos. Entreabri os olhos, e não vi a penumbra habitual do quarto, vi foi um vulto ao meu lado, velando meu sono.
Assustada, tentei gritar e minha voz não saía; tentei rezar, mas até a Ave Maria saíra da minha cabeça.
O vulto tocou complacente e carinhosamente meu ombro. Senti que a intenção era pura, mas o medo já tinha tomado conta.
Tentava chamar meu namorado, mas ele não acordava com os murros que eu dava em suas costas.
Quando eu consegui me mexer, abracei meu companheiro a fim de obter um porto seguro, como se ele fosse meu travesseiro surrado, mas, ao olhar o pé da cama, vi que a mesma sombra zelava por nós.
Abraçada, orei! Orei com toda a força que o medo nos dá.
Desde então deixei de contar carneirinhos e passei a rezar. Não conto quantas preces faço, mas rezo até me cansar.
Mesmo com o apartamento só pra nós, no meio da madrugada senti que não estávamos sozinhos. Entreabri os olhos, e não vi a penumbra habitual do quarto, vi foi um vulto ao meu lado, velando meu sono.
Assustada, tentei gritar e minha voz não saía; tentei rezar, mas até a Ave Maria saíra da minha cabeça.
O vulto tocou complacente e carinhosamente meu ombro. Senti que a intenção era pura, mas o medo já tinha tomado conta.
Tentava chamar meu namorado, mas ele não acordava com os murros que eu dava em suas costas.
Quando eu consegui me mexer, abracei meu companheiro a fim de obter um porto seguro, como se ele fosse meu travesseiro surrado, mas, ao olhar o pé da cama, vi que a mesma sombra zelava por nós.
Abraçada, orei! Orei com toda a força que o medo nos dá.
Desde então deixei de contar carneirinhos e passei a rezar. Não conto quantas preces faço, mas rezo até me cansar.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Conflito de gerações
Meu pai se casou apaixonado aos 22 anos, eu tenho 27 e não pretendo juntar as escovas de dente antes dos 30.
Ele ainda acredita que casamento só é possível se o casal se casar no calor da paixão, eu, depois de ver inúmeros enlaces enamorados ruírem, inclusive o dos meus pais, creio que um casamento só pode acontecer quando o casal tem certeza de que é aquilo que deseja.
Meu pai já me disse que sou tão emocionalmente racional que chegou ao ponto de acreditar que eu nunca iria me casar. Eu discordo, e acho que se eu casar um dia será porque eu realmente quero aquilo pra mim.
Mesmo diante de todo esse impasse de gerações e conflitos de posturas afetivas, meu pai não entendeu quando reapresentei* meu “avec”, hoje namorado, pra ele.
- E aí, vocês estão namorando?, indaga meu pai.
- Não, pai. Estamos num relacionamento fiel, estável e monogâmico.
- Mas isso não é namoro?
- Não! Ele ainda não me pediu em namoro...
Um ponto de interrogação tomou conta do rosto do meu pai e ele preferiu não perguntar mais sobre aquele relacionamento tão fora dos seus padrões apaixonados da realidade afetiva.
*reapresentei, pois o namorei na adolescência e, consequentemente, meu pai já o conhecia há, pelo menos, 10 anos.
Ele ainda acredita que casamento só é possível se o casal se casar no calor da paixão, eu, depois de ver inúmeros enlaces enamorados ruírem, inclusive o dos meus pais, creio que um casamento só pode acontecer quando o casal tem certeza de que é aquilo que deseja.
Meu pai já me disse que sou tão emocionalmente racional que chegou ao ponto de acreditar que eu nunca iria me casar. Eu discordo, e acho que se eu casar um dia será porque eu realmente quero aquilo pra mim.
Mesmo diante de todo esse impasse de gerações e conflitos de posturas afetivas, meu pai não entendeu quando reapresentei* meu “avec”, hoje namorado, pra ele.
- E aí, vocês estão namorando?, indaga meu pai.
- Não, pai. Estamos num relacionamento fiel, estável e monogâmico.
- Mas isso não é namoro?
- Não! Ele ainda não me pediu em namoro...
Um ponto de interrogação tomou conta do rosto do meu pai e ele preferiu não perguntar mais sobre aquele relacionamento tão fora dos seus padrões apaixonados da realidade afetiva.
*reapresentei, pois o namorei na adolescência e, consequentemente, meu pai já o conhecia há, pelo menos, 10 anos.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Tardes Primaveris
Primavera: estação do ano mais incerta. Horas faz sol, horas faz calor, por vezes chove, por vezes faz frio. O horário de verão começa, mas nem sempre a temperatura de veraneio vem junto dos ponteiros do relógio.
Mas uma coisa é certa: as tardes primaveris são as mais lindas do ano. Somos surpreendidos com a incerteza da utilização do guarda-chuva, com o colorido inesperado das flores concretadas e com anoiteceres cor de laranja.
Mas uma coisa é certa: as tardes primaveris são as mais lindas do ano. Somos surpreendidos com a incerteza da utilização do guarda-chuva, com o colorido inesperado das flores concretadas e com anoiteceres cor de laranja.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
O jeito melhor de se morrer
Muitos podem dizer que este é um assunto mórbido ou coisa do gênero, mas eu já sei como eu quero morrer...
Quero morrer bem velhinha, do lado da pessoa que escolhi para compartilhar a minha vida; aquele que eu namorei na adolescência, que eu odiei por tantos anos por me dar o pé na bunda mais homérico, aquele que eu reaprendi a confiar e a amar.
Este desejo de morte já foi acordado e aceito pela pessoa que proporcionará meu último suspiro de alegria e creio que será o melhor jeito de se morrer...
Quero morrer fazendo sexo com o meu eterno namorado, na cama que será nossa por muitos anos.
Teremos nossos filhos criados, netos nascidos e bisnetos por vir. Teremos uma vida tranquila conquistada por anos de trabalho de uma professora universitária e de um médico cardiologista. Teremos uma vida linda pra contar, que se costurará com a nossa história já vivida, digna de roteiro de novela mexicana.
Pouco importa quantos azuis serão necessários para eu morrer do jeito que eu quero, o que me importa é que eu morrerei nos braços daquele que me abraça desde quando eu tinha 12 anos e fazendo uma coisa que eu aprendi com ele: amando.
Estou certa de que será um orgulho para a família que constituirei contar como sua matriarca morreu: feliz, na cama dela, abraçada ao homem que ela escolheu, exaurida depois de uma noite de sexo.
Quero morrer bem velhinha, do lado da pessoa que escolhi para compartilhar a minha vida; aquele que eu namorei na adolescência, que eu odiei por tantos anos por me dar o pé na bunda mais homérico, aquele que eu reaprendi a confiar e a amar.
Este desejo de morte já foi acordado e aceito pela pessoa que proporcionará meu último suspiro de alegria e creio que será o melhor jeito de se morrer...
Quero morrer fazendo sexo com o meu eterno namorado, na cama que será nossa por muitos anos.
Teremos nossos filhos criados, netos nascidos e bisnetos por vir. Teremos uma vida tranquila conquistada por anos de trabalho de uma professora universitária e de um médico cardiologista. Teremos uma vida linda pra contar, que se costurará com a nossa história já vivida, digna de roteiro de novela mexicana.
Pouco importa quantos azuis serão necessários para eu morrer do jeito que eu quero, o que me importa é que eu morrerei nos braços daquele que me abraça desde quando eu tinha 12 anos e fazendo uma coisa que eu aprendi com ele: amando.
Estou certa de que será um orgulho para a família que constituirei contar como sua matriarca morreu: feliz, na cama dela, abraçada ao homem que ela escolheu, exaurida depois de uma noite de sexo.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
O bailarino da vez
Ele tinha tudo para não saber dançar, pois sofria de uma doença rara que impedia seu crescimento. Mas o baile precisava dele, e não é que agora ele não pôs todo mundo pra dançar e muita gente arrepiar?
Os bailarinos anteriores a ele também encheram nossos olhos, uns com seus passos trágicos e momentos de reviravolta - Maradona foi assim, um jogador por quem Carlos Gardel, se estivesse vivo, comporia um tango lamurioso.
Por muitos anos acreditava-se que nenhum outro bailaria como “El Diós(?)”, mas despontou um novo nome: Tevez. Indo contra todos os preconceitos, veio bailar em terras tupiniquins suas coreografias de cumbia; este ritmo cadenciado que dita não só as baladas argentinas, mas também cada passada do dito boludo.
Só que esse ritmo não enche os olhos, a nação mundial amante da bola queria ver algo diferente. E pra isso, veio ele!
Ele não joga na cadência da cumbia, apesar de ser isso que toca em seu iPod, nem com a tristeza do tango, apesar da sua infância ter sido sofrida. Ele joga com a malícia do flamenco e com a rapidez de quem teve que correr atrás de tudo, ganhando de todos, mesmo com as pernas curtas.
Agora a multidão o reverencia, pois ele baila com a bola e nos faz arrepiar. Sim, um argentino me faz arrepiar! E não é que um argentino despertou meu interesse em ver a Copa deste ano? Digo e repito: Não assistirei à Copa, verei o Messi jogar!
Os bailarinos anteriores a ele também encheram nossos olhos, uns com seus passos trágicos e momentos de reviravolta - Maradona foi assim, um jogador por quem Carlos Gardel, se estivesse vivo, comporia um tango lamurioso.
Por muitos anos acreditava-se que nenhum outro bailaria como “El Diós(?)”, mas despontou um novo nome: Tevez. Indo contra todos os preconceitos, veio bailar em terras tupiniquins suas coreografias de cumbia; este ritmo cadenciado que dita não só as baladas argentinas, mas também cada passada do dito boludo.
Só que esse ritmo não enche os olhos, a nação mundial amante da bola queria ver algo diferente. E pra isso, veio ele!
Ele não joga na cadência da cumbia, apesar de ser isso que toca em seu iPod, nem com a tristeza do tango, apesar da sua infância ter sido sofrida. Ele joga com a malícia do flamenco e com a rapidez de quem teve que correr atrás de tudo, ganhando de todos, mesmo com as pernas curtas.
Agora a multidão o reverencia, pois ele baila com a bola e nos faz arrepiar. Sim, um argentino me faz arrepiar! E não é que um argentino despertou meu interesse em ver a Copa deste ano? Digo e repito: Não assistirei à Copa, verei o Messi jogar!
terça-feira, 30 de março de 2010
Aquele que faz milagre com a bola
O menino nasceu em Belém, mesma terra de Jesus. Assim como o garoto de Nazaré, teve infância difícil, foi renegado por alguns, mas se destacou e junto com outros expoentes faz com que os olhos de todos se voltassem para aquele grupo que recebia apenas a descrença da grande massa.
O povo, agora, se vê maravilhado com as coisas que ele faz: não converte água em vinho, mas transforma uma má saída de bola do goleiro em um gol incrível, rege o meio de campo de uma equipe que perdia para uma goleada de 9x1, faz com que torcedores de todos os credos incentivem a mudança de pensamento de um único ser cabeça-dura e, assim, o convoque para a seleção de guerreiros que representará a nação.
Cabe à massa clamar e que sua voz seja ouvida e esperar por mais espetáculos proporcionados por este humilde rapaz, mesmo porque o moleque pode não ser Jesus Cristo, mas faz milagre com a bola.
O povo, agora, se vê maravilhado com as coisas que ele faz: não converte água em vinho, mas transforma uma má saída de bola do goleiro em um gol incrível, rege o meio de campo de uma equipe que perdia para uma goleada de 9x1, faz com que torcedores de todos os credos incentivem a mudança de pensamento de um único ser cabeça-dura e, assim, o convoque para a seleção de guerreiros que representará a nação.
Cabe à massa clamar e que sua voz seja ouvida e esperar por mais espetáculos proporcionados por este humilde rapaz, mesmo porque o moleque pode não ser Jesus Cristo, mas faz milagre com a bola.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Fim da crônica esportiva?
O Brasil perdeu hoje um dos últimos exemplos de cronistas esportivos que viam o futebol com arte e paixão, não como aspecto tático, frio e com objetivo somente no resultado.
Armando Nogueira amava o futebol e traduziu em palavras o futebol magnífico apresentado pelos craques de antigamente, craques que só reaparecerão depois da próxima era glacial.
O jornalista, que fazia dos lances futebolísticos poesia, morre deixando herdeiros, os mesmos herdeiros e discípulos de Nelson Rodrigues, sempre ávidos pelo lirismo proporcionado por uma partida de futebol.
Não podemos deixar que este lirismo e esta paixão pelo esporte bretão morram junto com Armando Nogueira. Seremos ativistas poéticos fanáticos pela modalidade jogada nas quatro linhas caiadas de um tapete verde.
Não deixaremos que a crônica futebolística se esvaia junto com a morte de nossos grandes mestres.
Armando Nogueira amava o futebol e traduziu em palavras o futebol magnífico apresentado pelos craques de antigamente, craques que só reaparecerão depois da próxima era glacial.
O jornalista, que fazia dos lances futebolísticos poesia, morre deixando herdeiros, os mesmos herdeiros e discípulos de Nelson Rodrigues, sempre ávidos pelo lirismo proporcionado por uma partida de futebol.
Não podemos deixar que este lirismo e esta paixão pelo esporte bretão morram junto com Armando Nogueira. Seremos ativistas poéticos fanáticos pela modalidade jogada nas quatro linhas caiadas de um tapete verde.
Não deixaremos que a crônica futebolística se esvaia junto com a morte de nossos grandes mestres.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Bate e volta na ponte aérea
A pedido dos meus chefes fiz uma coisa que nunca tive a oportunidade de fazer: um bate e volta até a Cidade Maravilhosa.
Minha última ida ao Rio de Janeiro foi num voo noturno para pagar menos pela viagem, mas dessa vez fui a um horário que me possibilitava apreciar todas as belezas que a cidade carioca nos proporciona. E como é bom viajar de avião!
No momento do meu embarque o céu paulistano me deixava ver a cidade que tão bem conheço e ainda consegui ver o prédio onde moro da janela do avião. Ao ver minha cidade aos meus pés, pude reafirmar o quanto eu amo o lugar onde eu nasci.
Em pouco tempo de voo, entre uma nuvem e outra, reparo que sobrevoo o mar. Que vontade de dar um mergulho e fugir da realidade.
É bom como em tão pouco tempo já estamos pousando em terra carioca. Reparo nisso antes do piloto falar, pois vejo ao longe o Pão de Açúcar, e não lembrava o quanto ele é alto. Vejo o Cristo e seus andaimes, a Lagoa, o Forte de Copacabana e o aeroporto Santos Dumont. Nunca vi um aeroporto tão doido; será que nunca nenhum avião caiu no mar?
Chego à cidade e faço o que tenho que fazer. Queria muito ter tempo suficiente para pegar um taxi, rumar para Copacabana e tomar um chop com batata frita num bar que tem na orla (nem lembro o nome do lugar, mas acho que tinha um avião como logo; se eu vir o bar, entro e sei que não vou me decepcionar).
Era inevitável a vontade de tirar minha roupa social e meus saltos que tanto me incomodavam, tamanho era o calor que fazia. Quando tenho a oportunidade, sento num banco do aeroporto e saco minhas Havaianas da bolsa. Acho que a sensação que tive se compara à que tinha Braz Cubas ao tirar seus sapatos apertados.
Procuro um sorvete para me refrescar, mas não encontro nada que me agradasse. O que tomar para me refrescar? A caminho da sala de embarque vejo uma loja que vendia o elixir para o meu momento: cerveja! Era uma Skol sabiamente gelada, servida no copo frio, uma verdadeira perfeição para o meu calor. Brindei à minha redenção e degustei cada gole, vigiada por pessoas certas de que eu era um ET (amarela escritório, cabelo preso com displicência, roupa social amassada e Havaianas no pé).
No caminho de volta, sinto vontade de saltar do avião e deitar nas nuvens, só pra ter a certeza de que elas são mais aconchegantes que o meu colchão.
Meu sorriso é inevitável quando vejo São Paulo novamente pela janela. Estou de volta pra casa depois de menos de 4 horas longe dela. Sorrio quando desço do avião e não sinto aquela brisa sufocante que gruda a roupa em nossa pele.
Saio pela porta do aeroporto de Congonhas como se a Porta da Esperança tivesse aberta diante de mim: o mundo da realidade estava à minha frente e eu não tinha medo dela, pois ela era a minha casa, o meu caos, o meu mundo, a minha cidade.
Minha última ida ao Rio de Janeiro foi num voo noturno para pagar menos pela viagem, mas dessa vez fui a um horário que me possibilitava apreciar todas as belezas que a cidade carioca nos proporciona. E como é bom viajar de avião!
No momento do meu embarque o céu paulistano me deixava ver a cidade que tão bem conheço e ainda consegui ver o prédio onde moro da janela do avião. Ao ver minha cidade aos meus pés, pude reafirmar o quanto eu amo o lugar onde eu nasci.
Em pouco tempo de voo, entre uma nuvem e outra, reparo que sobrevoo o mar. Que vontade de dar um mergulho e fugir da realidade.
É bom como em tão pouco tempo já estamos pousando em terra carioca. Reparo nisso antes do piloto falar, pois vejo ao longe o Pão de Açúcar, e não lembrava o quanto ele é alto. Vejo o Cristo e seus andaimes, a Lagoa, o Forte de Copacabana e o aeroporto Santos Dumont. Nunca vi um aeroporto tão doido; será que nunca nenhum avião caiu no mar?
Chego à cidade e faço o que tenho que fazer. Queria muito ter tempo suficiente para pegar um taxi, rumar para Copacabana e tomar um chop com batata frita num bar que tem na orla (nem lembro o nome do lugar, mas acho que tinha um avião como logo; se eu vir o bar, entro e sei que não vou me decepcionar).
Era inevitável a vontade de tirar minha roupa social e meus saltos que tanto me incomodavam, tamanho era o calor que fazia. Quando tenho a oportunidade, sento num banco do aeroporto e saco minhas Havaianas da bolsa. Acho que a sensação que tive se compara à que tinha Braz Cubas ao tirar seus sapatos apertados.
Procuro um sorvete para me refrescar, mas não encontro nada que me agradasse. O que tomar para me refrescar? A caminho da sala de embarque vejo uma loja que vendia o elixir para o meu momento: cerveja! Era uma Skol sabiamente gelada, servida no copo frio, uma verdadeira perfeição para o meu calor. Brindei à minha redenção e degustei cada gole, vigiada por pessoas certas de que eu era um ET (amarela escritório, cabelo preso com displicência, roupa social amassada e Havaianas no pé).
No caminho de volta, sinto vontade de saltar do avião e deitar nas nuvens, só pra ter a certeza de que elas são mais aconchegantes que o meu colchão.
Meu sorriso é inevitável quando vejo São Paulo novamente pela janela. Estou de volta pra casa depois de menos de 4 horas longe dela. Sorrio quando desço do avião e não sinto aquela brisa sufocante que gruda a roupa em nossa pele.
Saio pela porta do aeroporto de Congonhas como se a Porta da Esperança tivesse aberta diante de mim: o mundo da realidade estava à minha frente e eu não tinha medo dela, pois ela era a minha casa, o meu caos, o meu mundo, a minha cidade.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Mudança de foco
Era noite e voltava da academia. Estava suada e cansada quando cruzo um casal com trajes esportivos– o homem um pouco mais à frente, a mulher se arrastando e dizendo: Não aguento mais. Isso é loucura!
Mas porque a gente faz essas loucuras? Acompanhamos nossos companheiros em investidas fitness e parece que não ganhamos nada com isso, além de mega dores pelo corpo no dia seguinte.
Ia pra academia por insistência do bonitinho e não me importava muito com o dinheiro que jogava fora durante meus dias de rebeldia. Porém, mudei de ideia, tudo por causa de uma foto tirada num amigo secreto entre amigos da faculdade. Ao receber a foto, vi uma flacidez antes inexistente e percebi que deveria mudar meu foco – se antes o ato de fazer exercício era para alegrar alguém, me toquei que teria que fazer isso por mim.
Os anos estavam passando e minha juventude não perduraria por força do pensamento.
Passei a gostar mais de mim, a me sentir mais bonita, a olhar pro espelho na academia e falar comigo mesma: “Gostosa pra caramba!”, e melhor: ouvir a mesma exclamação quando o gatinho te encontra depois de uma semana de abstinência.
Depois que você se toca que o foco das suas atenções deve ser você, você começa a ver que nada é loucura quando o ator principal da sua vida é você!
Assim, você poderá desfrutar de um pôr do sol maravilhoso, correndo ao lado de uma pessoa querida e companheira, sem achar que é uma loucura estar ali.
*Quem sabe a mulher que cruzei outro dia não mude seu foco e possa usufruir dos prazeres secundários (e bem mais relevantes) de um exercício...
Mas porque a gente faz essas loucuras? Acompanhamos nossos companheiros em investidas fitness e parece que não ganhamos nada com isso, além de mega dores pelo corpo no dia seguinte.
Ia pra academia por insistência do bonitinho e não me importava muito com o dinheiro que jogava fora durante meus dias de rebeldia. Porém, mudei de ideia, tudo por causa de uma foto tirada num amigo secreto entre amigos da faculdade. Ao receber a foto, vi uma flacidez antes inexistente e percebi que deveria mudar meu foco – se antes o ato de fazer exercício era para alegrar alguém, me toquei que teria que fazer isso por mim.
Os anos estavam passando e minha juventude não perduraria por força do pensamento.
Passei a gostar mais de mim, a me sentir mais bonita, a olhar pro espelho na academia e falar comigo mesma: “Gostosa pra caramba!”, e melhor: ouvir a mesma exclamação quando o gatinho te encontra depois de uma semana de abstinência.
Depois que você se toca que o foco das suas atenções deve ser você, você começa a ver que nada é loucura quando o ator principal da sua vida é você!
Assim, você poderá desfrutar de um pôr do sol maravilhoso, correndo ao lado de uma pessoa querida e companheira, sem achar que é uma loucura estar ali.
*Quem sabe a mulher que cruzei outro dia não mude seu foco e possa usufruir dos prazeres secundários (e bem mais relevantes) de um exercício...
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