domingo, 1 de fevereiro de 2009

Pensamentos de uma noite embriagada

Já são quase quatro da manhã e o grilo canta na imensidão de asfalto. Uma garrafa de vinho já foi sorvida para inebriar seus pensamentos mais confusos, mas ela não consegue fugir daquela conversa; uma conversa com alguém que ela nunca conversou direito.

- Tenho algumas coisas pra te dizer: não gosto nada dessas suas saídas noturnas. Se acontecer alguma coisa com você, não estarei ao seu lado pra te proteger. (…) Tenho também a certeza de que você encontrará uma pessoa a sua altura, uma pessoa que te mereça . Você é uma mulher maravilhosa por quem eu torço muito, e você sabe disso.

- Eu sei disso. Sei que você torce por mim e que eu encontrarei essa pessoa. Posso parecer meio derrotista de vez em quando, mas ainda não perdi as esperanças de encontrar alguém que me ame da maneira que sou e que eu possa me ver nos olhos dela.

Uma lacuna de palavras povoa aquele ambiente, apenas pensamentos indecifráveis habitam a cabeça daqueles dois naquele momento. Mas o hiato de palavras é quebrado:

- Quer saber… eu me casaria com você.

Uma falésia de palavras. Mil coisas passam na cabeça dela. Ela nunca tinha ouvido de alguém aquela afirmação, muito menos no condicional futuro do verbo “ia”, aquele que designa: nunca acontecerá.

- Quer saber de outra coisa: até hoje me pergunto por que não te conheci antes.

Aquele questionamento a coloca no mundo real: acho que nos encontramos no momento certo. Nem tão cedo nem tão tarde, mas na hora certa. Se tivéssemos nos conhecido antes a magia não teria sido a mesma que no momento que nos encontramos, onde tudo que nunca esperávamos aconteceu e quando tudo foi tão inesquecível e único. E se fosse mais tarde, a espera seria tanta que os fatos não superariam as expectativas.

Outra imensidão de milésimos de segundo sem palavras...

- Mas é sério! Quando precisar de socorro numa noite escura é só me dar um toque. E você sabe que inclusive sinal de fumaça eu atendo, mas só o seu!

- Eu sei que sempre posso contar com você. Você sempre me ajudou em momentos extremos e sei que virá correndo se eu der qualquer sinal.

- Não importa onde eu estiver, eu sempre estarei atento aos seus alertas e farei o possível pra te salvar.

Mas naquela noite embriagada de pensamentos ele não estava lá. Ela estava sozinha. Não adiantou alertas, nem mensagens, nem sinais de fumaça. Pois ela esperava por alguém que a amasse do jeito que ela era, por alguém que ela poderia se enxergar nos olhos e por alguém que conjugasse o verbo não no condicional do nunca acontecerá, mas sim no indicativo de um futuro esperançoso.

Um comentário:

Cristian disse...

não diga que os sinais de fumaça não adiantaram, minha cara. As coisas tem o seu tempo. Logo a pessoa os avistará, como nuvens luminosas no seu horizonte estático. Paciência e vigilância =) Bjo!