terça-feira, 28 de outubro de 2008

Homenagem a minha avó

Escrevi este poema no dia 11 de novembro de 2004. Faz tempo, mas a pessoa cantada nos meus versos está sempre presente.

Foi festa, amanheceu
Acordei
Fui preparar o café e sentimos sua falta.
Pediram para te chamar
À margem da sua cama me postei
Seu corpo inerte - me aproximo
Seu rosto café-com-leite; uma beleza desafiadora das convenções, seu nariz quebrado, sua boca sem dentes, seus cabelos de algodão, seus olhos fechados.
O ser que mais amei estava de olhos fechados e não abririam mais.
Seus pulsos gelados, seu corpo ainda quente.
Não era verdade, era tudo brincadeira, como nos meus quatro anos você estava brincando
Te abracei, te beijei tentei te acordar e não consegui.
Enquanto outros se afastavam, continuava tentando,
mas o algodão celestial se aproximou dos seus cabelos e nunca mais brincarei com as veias das suas mãos.


4 comentários:

André Henriques disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
André Henriques disse...

justa homenagem, lindo poema. Não sabia desse seu lado literário, Manu!

Cristian disse...

Está sempre presente, de várias formas: no céu (sim, eu acredito nele), na memória, no coração, nos versos. E, em você, minha cara: porque nós que não a conhecemos pessoalmente, podemos entrever as suas qualidades refletidas na sua querida neta.

Anônimo disse...

és doce. pena, eu não poder conhecer-te