Tentamos nos cegar e fingir que não estamos aprisionados às convenções de um mundo preocupado, muitas vezes estritamente, com as ditaduras sub-humanas do cotidiano.
Um dos grandes exemplos dessa ditadura para as mulheres é o salto alto. Se em meados do século passado grupos feministas queimavam sutiãs em praça pública, nesse milênio as mulheres passarão por cima dos calçados de salto alto com um rolo compressor.
Salto alto é motivo de fetiche tanto para homens como para mulheres (por razões diferentes, claro), mas a obrigação de estar elegante em cima de alguns muitos centímetros é algo que angustia qualquer fêmea.
E como é catártico presenciar uma libertação!
Passava por um lugar onde a ditadura do salto alto é super ferrenha, quando vi uma transeunte, que nem era elegante, se libertar de seus calçados e continuar seu caminho com seus pés seminus, envoltos apenas por uma meia fina.
Aquela mulher levou o prazer de tirar os sapatos apertados a um patamar que nem Bentinho faria melhor. Ela transformou este minúsculo deleite em um ato que a transformou em uma diva: elegante, feliz com seus pés descalços e pouco se importando com o que pensariam dela.
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