Os dias váo passando e vou elegendo os lugares que me sindo verdadeiramente em casa; e o metrô é um deles.
Com seu ambiente sem ventilaçáo, quente, as pessoas sempre em movimento, os vagóes sempre povoados de vendedores e pedintes e aquele vento que sopra quando o trem parte, sem contar o barulho nos trilhos quando o trem está chegando me remetem à minha cidade sempre querida, mas só agora, de longe, táo reconhecida.
Outro dia estava no metrö indo para um lugar bem longe: perto do Estádio Asteca. Para chegar ao tal lugar tive que fazer baldeaçóes e ainda pegar o trem ligeiro, o equivalente ao trem da CPTM (bem parecido mesmo!). Porém o mais interessante dessa viagem náo foi perceber o quanto o México é parecido com Sáo Paulo, mas sim a riqueza cultural que este país tem e que poucas pessoas notam.
No meio de uma relativa muvuca no vagáo, reparo em um casal de mexicanos que deveriam ter seus 60 anos de idade e uma vida inteira juntos. Eles eram a personificaçáo do povo que aqui me acolheu: tímidos, cabisbaixos, porém com seus olhares muito simpáticos; a mulher com suas tranças e o homem com seus bigodes.
Náo conseguia deixar de olhar para eles. Via naqueles olhos a cumplicidade de décadas de convivência e as máos dadas num emaranhar de dedos calejados e delicados, evidenciavam um carinho e um respeito táo perdidos em tempos de hoje.
Cheguei a pensar em registrar aquele momento com uma imagem fotográfica, mas prefiro eternizá-los em minha mente, nas minhas lembranças e nas minhas palavras.
3 comentários:
Esse casal eu queria ter visto. Um dos momentos em que vi mais serenidade e amor na minha vida envolveu um casal de velhinhos. Eu estava na sala de esperas do hospital. Havia lá também um sujeito, nos seus trinta anos, chato da cabeça aos pés, que falava pelos cotovelos coisas do seu trabalho, muito importante segundo ele. Foi então que se abriu uma porta. Uma senhora idosa foi saindo da sala de endoscopia. Estava meio zonza, porque fazer endoscopia não é fácil. Mas logo o marido foi ao seu encontro e conduziu-a até o sofá. Ela encostou a cabeça no peito dele e adormeceu com um sorriso nos lábios, o mesmo que ele portava nos seus. Estavam de mãos dadas e o outro braço dele passava por cima do ombro dela. Nem sei quanto tempo ficaram assim. Que amor se via ali! Não era mais fogo, nem brasa, nem nenhuma dessas metáforas gastas ligadas à paixão. Era um amor tão real que dava quase para apalpar. Aqueles corpos frágeis revelavam anos de uma convivência paciente, que deixou a alma e – acredite – até os rostos parecidos. Que contraste com o falatório do homem de negócios. Aquele casal exalava uma felicidade que acho que poucos compreenderam. Ambos tinham aquele ar de “vale a pena”.
Será um problema de nosso tempo não haver amores assim? Espero que não......
Ñ tem coisa melhor que um amor verdadeiro...
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