sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Idolatria corporal

Vivemos em um momento que o culto ao corpo tomou uma proporção assustadora e ao mesmo tempo ridícula.

Por muitos anos abominei academia, preferia jogar meu handebol a puxar ferro em máquinas de tortura e ver marmanjos fedorentos lamberem seus bíceps na frente do espelho.

Mas o tempo passa e a possibilidade de reunir 14 pessoas num mesmo horário numa quadra vazia é remota e você acaba aderindo à academia – e ainda aprende a gostar dela.

Você passa a gostar do que vê no espelho, na força que você adquire com o tempo, com a sensação de poder ao correr na esteira sem parar, mas continua achando boçais as roupas com seus cheiros de suor misturado com pano guardado, homens que terminam o exercício e largam o peso no chão, sem contar aqueles mundrungos que gemem copiosamente a cada contagem.

Apesar de gostar de ver o que tenho visto no espelho, não idolatro meu corpo refletido. Olho a alegria de perceber que aos poucos consigo retardar a lei da gravidade e me sentir melhor comigo mesma. Não pretendo, nem vou chegar à pachorra de ao olhar o perfil do meu corpo no espelho da academia mandar um beijo pra minha bunda empinada, como eu vi uma gostosa bombada fazer outro dia.

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