terça-feira, 26 de maio de 2009

O Unicórnio: não duvide de uma lenda

Nunca fiz questão de passear de carro, só gostava de passear nas novas motos que meu pai ou meu tio compravam quando eu era criança; gostava de subir naquelas motocicletas enormes e sentir o vento no meu rosto e nos meus cabelos numa simples e ingênua volta no quarteirão. Os anos se passaram e as motos se tornaram um trauma depois da minha primeira aula prática de direção, quando bati num Vectra e caí feito jaca no chão junto com a moto. E carro não passava de um meio de transporte estressante, mas necessário, apesar de adorar pegar uma via calma e sentir que o mundo está em minhas mãos.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas... e acabei sendo convidada para um passeio de carro. Não um carro normal, ou conversível, ou de luxo, mas um carro velho!...Tá bom... um carro antigo (predicado dado à revelia).

Trata-se de um Opala 1975, que apelidei de “unicórnio”. Afinal de contas, o carro era uma lenda: nunca o tinha visto andar. E para me provar que o carro não era mais uma lenda e que andava, e muito, o dono dele me convidou para um passeio, que, com certeza, foi uma experiência única.

Entrando no carro, sento naqueles bancos de corrida, super desconfortáveis, que se tornaram mais desconfortáveis depois de ser amarrada àqueles cintos de quatro pontos que mais parecem instrumentos de tortura.

O carro é ligado; um barulho infernal vem junto com um cheiro forte de combustível. Não sei de onde provinha minha dor de cabeça: por motivos olfativos ou auditivos. De repente passo a me sentir dentro de uma batedeira; tremia mais que telha frouxa em dia de ventania quando o acelerador era acionado.

É hora do passeio. Por momentos perguntava pra mim mesma porque fui implicar com aquele carro, era só um motivo pra encher o saco do dono, uma zoação, nada mais... Mas já tinha mexido com a onça, então agora eu tinha que aguentar as consequências, e rumamos para a 23 de maio. Sim! Ele colocou aquele carro pra correr na 23 de maio! Uma das avenidas de maior movimento de São Paulo, inclusive aos domingos. E na primeira oportunidade a potência do carro é exigida e chegamos a mais de 150km/h – isso pelas contas do condutor, já que o carro nem velocímetro tem! Minha reação imediata foi tapar meus olhos com as mãos – se eu morresse não veria nada.

Nunca senti as leis da inércia tão fortes no meu corpo. Percebia meu peito avançar e recuar a cada frenagem ou aceleração. Pensei que Newton e Einstein adotariam novos exemplos para seus postulados se tivessem a mesma experiência que eu e poderiam repetir seus testes, pois as acelerações que sofri seriam necessárias para provar qualquer nova teoria.

A brincadeira, por fim, termina, preciso de ajuda pra me desamarrar daquele monte de cintos e descer do carro. Minhas pernas bambas respondiam à pergunta: Outro passeio?

Isso tudo serviu pra eu nunca mais duvidar de uma lenda e pra ter certeza de que Newton e Einstein deixariam a física se tivessem que passar pelo que eu passei.

7 comentários:

André Henriques disse...

hahahahahaha... Pô... Opalão é um clássico!

Vitor Freire disse...

O cotidiano é palco de uma criatividade sem fim. Lindo esse seu jeito para descrever seus passos.
Parabéns.

Homem do Saco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Homem do Saco disse...

Opalão!
Ah, vá.... opalão é da hora!
Vou te apresentar um amigo que tem um Maverick verde, vulgo Jacamóvel...
Ou o Fofão, outra figura, feliz proprietário de uma belina preta de porta (veja bem, sem "s", que é uma só...) branca, vulgo Serafina...
Aí sim você vai conhecer o terror!!!
HUAHUAHUAHUA!!

Anônimo disse...

OLÁ AQUI É O LOCUTOR E RADIALISTA ALEXANDRE SOUZA. ATUALMENTE TERMINANDO A FACULDADE DE JORNALISMO GOSTARIA DE AQUI PARABENIZAR VC PELA SUA MANEIRA DE ESCREVER VIU. PARABÉNS.

VISITE TAMBÉM O MEU BLOG:

www.razaotricolor.blogspot.com

ABRAÇOS PARA VC LINDA!

Unknown disse...

Parabéns pelo seu blog. Você tem uma escrita bem rica. Tem mais do que os predicados necessários para ser a musa do São Paulo. Sucesso!

Anônimo disse...

vc escreve muito bem.
ailton medeiros
Natal