terça-feira, 22 de julho de 2008

Inventário

Nas últimas três semanas estive na minha cidade natal. Durante minha estada em terras mexicanas, nunca pensei que o amor pelo meu país e por todo seu território fosse tão grande, mas descobri nesta minha visita que a verdadeira riqueza vai além das belezas naturais e das magníficas cores que só existem no Brasil.

Toda esta fortuna está presente nas pessoas que vemos nas ruas e naqueles, especiais, que fazem parte da nossa vida.

Como é bom tomar uma cerveja num boteco qualquer e ver duas garotas descerem a rua num skate ou conversar sobre as maiores barbaridades com seu quase primo, que hoje é um dos seus melhores amigos.

Como é bom dormir no colo da sua mãe enquanto ela faz o cafuné que só ela sabe fazer, ou comer o arroz e feijão que só ela sabe fazer, ou acordar no meio da noite e perceber que o cobertor te cobre daquele jeito que só ela conhece.

Como é bom não idealizar demais as promessas de seqüestro, pois elas sempre acabam em um seqüestro relâmpago fajuto.

Como é bom abraçar seus amigos na sinuca perto da faculdade e debater com os olhos mais lindos que você já viu questões de nenhum interesse nacional e, ainda depois, ser zoada por seus iguais, já que você não tem mais credibilidade perante o grupo, pois ficou com um argentino boy-band detentor de "mulets".

Como é bom ver o São Paulo jogar, gritar gol e, de quebra, tirar uma com a cara do seu eterno companheiro de Morumbi, pois ele caiu nas graças de uma tiazona enxuta.

Como é bom descobrir depois de tantos anos que as amizades virtuais também são reais, mesmo que você só tenha visto seu amigo pela web-cam, mas pelo menos, você sabe que ele existe.

Como é bom estar numa exposição de Machado de Assis e enquanto você está num momento de ápice intelectual-crítico-retórico-literário, repara em dois meninos que flutuam pelo ambiente com seus tênis de rodinhas e com luzes que piscam.

Como é bom encontrar suas amigas pra fofocar e constatar que a fofoca é a maior prova de cumplicidade que pode existir.

Como é bom falar com suas amigas, mesmo que seja pelo telefone, e sentir que aquele abraço apertado e sincero é capaz de extravasar os cabos telefônicos.

Como é bom fazer aniversário e estar entre os seus, pois é nesses momentos que você descobre que foi importante na vida de algumas pessoas e que elas são muito importantes pra você – estão presentes familiares próximos e distantes, amigos de todas as fases da sua vida, até ex-namorados ou ex-ficantes, mas nunca ex-amigos. É com essas pessoas que você descobre que o carinho é o melhor sentimento que você pode nutrir por alguém, pois ele nunca se esgota.

Como é bom estar em casa e saber que aqui é o meu lugar e que é aqui, no Brasil, que estão as coisas, as pessoas, as situações, as cores que te fazem sorrir e que dão aquela motivaçãozinha que só o ambiente de casa sabe dar.

4 comentários:

Jan disse...

Como é bom ter você como amiga manu. Meu abraço e meu carinho por você ultrapassam qualquer cabo telefônico. Obrigada pela compreensão e pela cumplicidade sempre.

Te amo.

André Henriques disse...

Não, não, não... mulets não! hahahaha... Isso é quase imperdoável! hahahahaha... Manu, bom é ter você como amiga! Agora é só mais um tempinho pra vc vir em definitivo e falarmos mais barbaridades! ;)

Grande beijo!

Clau disse...

Onnn...que lindinha!!!
Flora, você vê se não fica muito tempo sem voltar!
As fofocas são imprescindíveis, assim como você!
Força na peruca!

bjo

Anônimo disse...

Tinha saudade das mesas de buteco de metal com logotipo da Brahma. Daquele copinho de vidro pequenininho. Do garçom que sorria mesmo fudido da vida. Das garotas brasileiras...

O problema é que depois que vc volta acaba sentindo saudade também do lugar onde estava.

Mas tavez morar fora seja assim mesmo. É partir o coração ao meio e passar o resto da vida com saudade...