Esta semana, tivemos um caso lamentável de assédio nas
redes sociais com uma participante de 12 anos no Master Chef Jr e como reação uma
hashtag para relatar o #primeiroassédio tomou conta do Twitter.
O que eu tenho a ver com isso? Tudo! Uma pinçada em todos
esses elementos que pipocaram na rede tem tudo a ver comigo, afinal de contas
eu tinha 12 anos (idade da Valentina) quando sofri meu #primeiroassédio.
Aos 12 anos tirei fotos para uma revista de agência de
modelos. E logo de cara, fui capa da dita revista e tinha a infantil esperança
de fazer algum comercial ou programa de TV.
Na época, morava em um condomínio e tinha como vizinho um
ator que fazia parte do elenco de um programa infantil do Sérgio Mallandro no
SBT. Pensei que ali havia uma oportunidade e conversei com ele e a esposa pra
tentar me “ajudar”. Ela foi super prestativa e disse pra eu deixar uma revista
na casa deles; o velho permaneceu calado.
Poucos dias depois, animada com a revista em mãos, fui ao
apartamento deles. Toquei a campainha e o ator me atendeu, pegou a revista,
deixou em cima de um móvel e agradeceu. Mas não agradeceu com um obrigado,
agradeceu segurando minha cabeça para beijar minha boca com uma boca murcha e
fedendo a café.
Saí correndo e contei pra minha mãe. Imediatamente denunciamos
o caso para o síndico e, para nossa surpresa, aquele não era o primeiro caso.
Mesmo assim, nada foi feito! Irritada com aquela omissão, contei o que
aconteceu pra minha “turminha do play”. A porta do apartamento do velho nojento
foi alvejada por cuspes, chutes e acometida por um princípio de incêndio.
A sequela do meu #primeiroassédio é não conseguir beijar
ninguém que esteja com bafo de café. Até hoje tenho vontade de vomitar.
Pra minha sorte, mudei do condomínio e esqueci o nome do
filho da puta. Se quiser, procuro e acho, mas não quero! Quero que ele morra e
espero que isso já tenha acontecido.
Assim como Valentina, era uma menina bonita de 12 anos,
mas ser menina, nem ser bonita, nem ter 12 anos legitima qualquer ação que nos
fira de qualquer forma, e nenhum fator nos torna “vagabundas” que “pedem
pra que isso aconteça”.
Esta merda sempre esteve no ventilador, só que agora se oculta
em perfis falsos e é “protegida” pelo ambiente virtual.
Pelo que vi, os perfis que molestaram Valentina foram excluídos,
mas o buraco é mais embaixo. A cultura do assédio existe, desde a omissão do
síndico até o “estupra mas não mata”. A impunidade está no coletivo lotado, na
calçada da obra, no “segurem suas cabritas que meu bode está solto”, na
educação que você dá pros seus filhos!