Estou na USP desde 2003 e nunca acompanhei uma greve de longe, não que eu fosse uma ativista ferrenha nesses anos passados, mas era diretamente afetada – sem aulas, sem acesso à biblioteca, comprometendo todo meu cronograma anual.
Nos primeiros anos de faculdade era bem mais ativa; participava de reuniões e assembleias, expondo minhas opiniões diante das reivindicações. Mas depois de dois anos de vida acadêmica e três paralisações, vi que a coisa era sistemática: todo mês de maio tínhamos um indicativo de greve. Com isso, passei a ser uma expectadora nem sempre militante do movimento grevista.
Só voltei a atuar novamente, dessa vez de forma indireta, na greve de 2007, mesmo não concordando com a invasão do prédio da Reitoria, mas por ver que naquele ano havia uma reivindicação sustentável por parte dos alunos.
Mas agora, neste ano de 2009 a coisa está diferente. Não piso na USP há mais de um ano e é a primeira greve que acompanho exclusivamente através dos meios de comunicação de massa e depois da reportagem feita pelo CQC, apresentada ontem, não pude me furtar de expor minha indignação diante da atual imprensa brasileira.
Cito primeiramente o CQC por achar que o “humorístico-político” da Band iria veicular todos os lados da atividade grevista, fato que, infelizmente, não ocorreu. Se detiveram a um pequeno grupo da FEA que nem mobilizados estavam para exigir o retorno às aulas. Se militassem realmente pela não-greve, estou certa que conseguiriam adesões com o “pessoal de ciências humanas”, como eles chamaram.
Em nenhum momento da reportagem vi um aluno da FFLCH ser entrevistado, aluno este que sofre com a falta de repasse de verbas para a melhoria nas condições de aprendizagem. Enquanto a FEA tem a melhor lanchonete do campus, com pães de queijo a R$ 3, e salas com ar-condicionado de última geração, a FFLCH conheceu ventiladores nas suas salas mais utilizadas apenas em 2005!
Outro meio de comunicação que por preguiça ou falta de tempo escreveu matéria sobre a Greve na USP sem bases fundamentadas foi O Estado de São Paulo. Pensava que por ser um editorial, o assunto seria abordado com vagar e análise, mas mais parecia uma reportagem de jornal marrom, que pouco se importa com a veracidade e com todos os pontos de vista relevantes a este tema.
A imprensa brasileira, que passa por uma das suas maiores crises, com o fim da obrigatoriedade do diploma e com o boom da Internet, onde a informação pipoca a cada momento, deveria se concentrar no jornalismo de qualidade para de destacar dessas enxurradas de informações que estamos suscetíveis e oferecer ao seu público todas as informações necessárias para a formação de uma opinião, não uma opinião já formada.
Eu, como integrante da comunidade uspiana sei o que acontece na universidade e todos os problemas enfrentados por alunos, professores e funcionários, mas e quem crê que a USP é um lugar dos sonhos que só aliens conseguem entrar, o que pode pensar?
terça-feira, 30 de junho de 2009
terça-feira, 23 de junho de 2009
O porquê do futebol
Essa de me candidatar à musa de futebol me fez repensar o porquê que gosto tanto do esporte bretão – não o motivo pelo qual escolhi meu time do coração, mas por que raios eu deixo de sair aos domingos e durmo tarde nas noites de quarta-feira só para ver um jogo de futebol que nem sempre é do meu time.
Pelo que me lembrava, nunca tive influências que me fizessem gostar de futebol: minha mãe é corinthiana não-praticante e meu pai diz que torce pelo o Santo André (é um torcedor frustrado do Palestra dos anos 60/70!).
Mas dia desses revirei meu baú de recordações infantis e constatei: gosto de futebol por causa do meu avô. Convivi com ele apenas oito anos, mas foram os anos mais mágicos da minha vida. Com ele, aprendi que deficiência física não é motivo para falta de alegria. Adorava seus beijos na testa – até hoje sinto sua barba cerrada na minha fronte. Ele foi o primeiro homem a me chamar de “meu amor”.
Nas tardes de sábado depois de seu banho de sol na calçada e de conversar com o bairro inteiro que cruzava sua frente, eu o levava em sua cadeira de rodas até a frente do seu televisor preto e branco para assistir o seu Santos jogar. Na frente da TV não falávamos nada, apenas víamos umas imagens mal definidas vindas da antena com Bombril e quando o gol acontecia só dávamos um sorriso um para o outro.
Não entendia de futebol, mas já o compreendia como uma maneira de aproximar as pessoas. Hoje, ainda o concebo assim: futebol é uma forma de estar perto daqueles que amo e do meu avô.
Pelo que me lembrava, nunca tive influências que me fizessem gostar de futebol: minha mãe é corinthiana não-praticante e meu pai diz que torce pelo o Santo André (é um torcedor frustrado do Palestra dos anos 60/70!).
Mas dia desses revirei meu baú de recordações infantis e constatei: gosto de futebol por causa do meu avô. Convivi com ele apenas oito anos, mas foram os anos mais mágicos da minha vida. Com ele, aprendi que deficiência física não é motivo para falta de alegria. Adorava seus beijos na testa – até hoje sinto sua barba cerrada na minha fronte. Ele foi o primeiro homem a me chamar de “meu amor”.
Nas tardes de sábado depois de seu banho de sol na calçada e de conversar com o bairro inteiro que cruzava sua frente, eu o levava em sua cadeira de rodas até a frente do seu televisor preto e branco para assistir o seu Santos jogar. Na frente da TV não falávamos nada, apenas víamos umas imagens mal definidas vindas da antena com Bombril e quando o gol acontecia só dávamos um sorriso um para o outro.
Não entendia de futebol, mas já o compreendia como uma maneira de aproximar as pessoas. Hoje, ainda o concebo assim: futebol é uma forma de estar perto daqueles que amo e do meu avô.
Assinar:
Postagens (Atom)